sexta-feira, 25 de maio de 2012

Um pouco sobre política monetária e o mercado


- Hoje vamos sair um pouco da questão conceitual em finanças e vamos discutir um assunto bastante em pauta na economia. É algo que afeta a todos, pessoa física e jurídica. As próximas postagens voltarão ao modelo que vínhamos desenvolvendo.

Ontem a noite eu assistia ao jogo do meu time pela televisão. Dificilmente eu me sento em frente a TV para assitir alguma coisa e, como tive um pouco de tempo livre, pude ter esse momento de relaxamento.
No momento do intervalo do jogo iniciaram os comerciais e pude verificar que passaram na TV pelo menos duas propagandas de montadoras de carros dizendo que estavam com menores preços em função da redução do IPI. Aquilo me chamou a atenção, pois tive a impressão de que os carros estão realmente muito mais baratos do que estava há alguns anos atrás.
Meu time venceu e pude ir dormir tranqüilo. Na manha de hoje, enquanto ia com minha carona ao trabalho, pude ver o caos que é trafegar no transito maluco e lotado dos dias de hoje. Um caminho que, se não houvesse outros carros, se faz em 15 minutos, foi feito em 40 minutos. Foi quando me dei conta do fato da União ter reduzido o IPI e, consequentemente, os preços dos carros no Brasil terem diminuído como verifiquei nas propagandas da noite anterior.

O pior, isso não é tudo! Há um mês o Banco Central derrubou a taxa base de juros para 9%. Logo, o financiamento ficou menos custoso e então, maior acesso ao dinheiro para a população.
Unindo esses dois fatos, redução do IPI, gerando redução de preços dos automóveis + redução da taxa básica de juros = CAOS. Isso porque se nesse momento já é praticamente impossível circular tranquilamente de carro, imagina com o aumento do consumo desse bem!  Por exemplo, no site do UOL li que o aumento previsto para o mercado de automóveis no Ceará é de 30%. Se no Ceará vai acontecer isso, corremos o risco de que em outros centros urbanos o aumento de vendas seja ainda maior.
Não estou dizendo que maior acesso a financiamentos e os menores preços dos carros em função do IPI são ruins. Essas medidas poderiam ser boas se o nosso país tivesse condições estruturais para suportar tal aumento de consumo dos brasileiros. As cidades não têm infra-estrutura suficiente em relação ao que as populações demandam. As estradas também não têm condições para suportar a situação atual.

Para se ter idéia, a situação estrutural do Brasil é comparável com a da Colômbia! É inadmissível que um país com a 6º maior economia do mundo seja comparável a um país como a Colômbia, que ainda enfrenta problemas primitivos como a falta de controle sobre o grupo terrorista das FARCS (o qual já deveria ter sido extinto!).

Mediante essa situação, o que podemos esperar para os próximos anos?! O governo brasileiro terá de fazer milagres nunca vistos para evitar um caos completo para o povo. Não há condições de suportar o crescimento que haverá no consumo de carros. E nem há tempo para se preparar. O Brasil nunca planeja. Simplesmente faz o que parece necessário em determinado momento e então, é cada um por si.
Sem contar outras conseqüências em diversos setores que ainda teremos. O endividamento das famílias vai aumentar, os preços de muitos bens vão aumentar e gerar inflação e outras coisas mais. Talvez a nossa sorte seja que o povo brasileiro já esteja endividado o suficiente para não conseguir pegar mais empréstimos, pois conforme o site G1, a inadimplência para compras de carros bateu recorde em 2011. Ou, ainda, podemos torcer para aumentar o número de ciclistas em circulação (contanto que não façam parte de nenhum “movimento revolucionário da bicicleta”), pois assim as pessoas deixariam seus carros em casa e poderíamos ter mais harmonia no trânsito.

Enfim, as medidas foram tomadas e agora só nos resta esperar e ver como vamos lidar com as situações que nos estão sendo impostas. Espero que consigamos evitar o caos completo e que o governo tome consciência de que é necessário mudar muitas coisas ainda para nos tornarmos uma economia forte e consistente.

Está mais do que na hora de perceber que medidas econômicas imediatista não são as mudanças que precisamos. Políticas de longo prazo devem surgir e, assim, verificaremos soluções graduais para os problemas surgirem e o crescimento virá de maneira consistente.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Taxas de Juros Nominais e Efetivas e Conversão de Taxas

Taxas Nominais e Efetivas
Para a distinção entre taxas nominais e efetivas há que se observar o período de aplicação dos juros (anuais, semestrais, etc.) e o período de capitalização destes (anual, semestral, etc.). O período de capitalização refere-se ao período em que são calculados e adicionados ao principal.
Taxa Nominal: é a taxa de juros onde o período de capitalização é diferente ou não considera o período de capitalização dos juros.
Ex 01: se a taxa de juros for de 10% ao mês, capitalizados anualmente, a taxa anual seria de:
      10% ao mês x 12 meses = 120% ao ano
Ex 02: se a taxa de juros for de 60% ao ano, capitalizados mensalmente, a taxa anual seria de:
      60% ao ano ÷ 12 meses = 5% ao mês
Taxa Efetiva: é a taxa de juros considerando o período de capitalização, ou seja, quando o período de aplicação e o período de capitalização coincidem.





Sendo  i = taxa de juros
            n = período de capitalização
Ex 03: se a taxa de juros for de 10% ao mês, capitalizados mensalmente, então a taxa anual seria de:
      iefetiva = (1 + 10%)12 – 1 = 214% ao ano
Ex 04: se a taxa de juros for de 60% ao ano, capitalizados anualmente, então a taxa mensal seria de:
      iefetiva = (1 + 60%)1/12 – 1 = 4% ao mês


Conversão de Taxas Nominais para Efetivas:

Onde:     aa = ao ano
              am = ao mês
              ca = capitalização anual
              cm = capitalização mensal
              ct = capitalização trimestral
              cd = capitalização diária

• Com mesmo período de aplicação:






Onde N: número de períodos de composição da taxa de juros nominal

Exemplos:      



               


• Com mesmo período de capitalização:






Onde N: número de períodos de composição da taxa de juros nominal
     
Exemplos:






• Com períodos de capitalização diferentes





Onde Q: quantidade de períodos menores existentes no período maior

Exemplos:







As questões de matemática financeira sempre se referem a taxas de juros efetivas. Assim, as taxas de juros nominais devem ser sempre convertidas em taxas de juros efetivas para sua correta aplicação.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Modalidades de Juros

Os juros são os grandes responsáveis pela atualização do valor do dinheiro do tempo.
Juros Simples: apenas o principal rende juros, ou seja, os juros são diretamente proporcionais ao capital emprestado e não há o efeito “cumulativo” (juros sobre juros).





Onde    J: Juros
              P: Principal                         
               i: taxa de juros
               n: número de períodos do empréstimo





Onde    M: Montante
             I: Juros
             P: Principal
             i: taxa de juros
             n: número e períodos do empréstimo
Juros Compostos: neste caso, os juros de cada período são calculados sempre em função do saldo devedor existente no início do referido período. Os juros são incorporados ao principal e passam a render juros também. É o efeito “juros sobre juros”. 





Onde    J: Juros
             P: Principal
             i: taxa de juros
             n: número de períodos do empréstimo






Onde   M: Montante
            J: Juros
            P: Principal
            i: taxa de juros
            n: número de períodos do empréstimo
 
Salvo usos específicos, os métodos de avaliação econômico-financeira de empresas e alternativas de investimento consideram juros compostos. 


Observe a diferença entre a aplicação de juros de 10% ao mês sobre um empréstimo de R$1.000 durante 4 meses nas modalidades de juros simples e compostos.

Debate Sobre Análise Dinâmica De Empresas

A Análise Dinâmica é uma importante ferramenta que nos possibilita analisar a liquidez de uma empresa e sua capacidade de sobrevivência e crescimento de longo prazo.
As principais variáveis que compõem o modelo desenvolvido por Michel Fleuriet são: 1º: Capital de Giro Disponível (CDG) ou Capital Circulante Líquido (CCL); 2º: Necessidade de Capital de Giro (NCG); e 3º: Saldo de Tesouraria (T). Visualmente:

O Capital de Giro Disponível (CGD) ou Capital Circulante Líquido (CCL) é aferido pela diferença entre os Ativos Circulantes e os Passivos Circulantes: CCL = AC - PC
Seu resultado identifica se a empresa dispõe de recursos de curto prazo para cobrir suas obrigações de mesmo prazo e se estes recursos são suficientes ou não. Assim:
AC < PC: os recursos de curto prazo da empresa não são suficientes para cobrir as obrigações de curto prazo.
AC = PC: os recursos de curto prazo são suficientes para cobrir as obrigações de mesmo prazo, sem folga.
AC > PC: os recursos de curto prazo são mais do que suficientes para cobrir as obrigações de mesmo prazo.
CCL positivo é salutar para a gestão financeira de uma empresa; no entanto é preciso identificar se o excedente provém de atividades operacionais ou financeiras, pois a recomendação é distinta.
A Necessidade de Capital de Giro (NCG) é determinada pela diferença entre os Ativos Circulantes Operacionais e os Passivos Circulantes Operacionais: NCG = ACO – PCO
NCG > 0 (ACO > PCO): indica qual é a necessidade de fontes de financiamento para manter a operação do negócio.
NCG < 0 (ACO < PCO): reflete que a operação do negócio gera excedentes de recursos não onerosos (sem incidência de juros), o que pode resultar em uma situação de liquidez muito boa para a empresa.
O volume de recursos necessários para o giro operacional de uma empresa é determinado pela receita bruta (ROB) e pelo tamanho do seu Ciclo Financeiro (CF), ou seja, NCG = f(ROB, CF).
Na análise da NCG, a gestão de prazos médios da empresa adquire extrema relevância: obter maior prazo junto aos fornecedores (aumento de fontes de financiamento), reduzir o prazo de permanência dos produtos em estoque e o prazo do contas a receber (redução de aplicação de recursos na operação) contribuem significativamente para redução do CF, uma vez que o mesmo é determinado pela equação:
 CF = PME + PMR – PMP
 Onde,
PME = Prazo médio de estoque, PME = (Estoque / Custo Mercadoria Vendida) *360
PMR = prazo médio de recebimento, PMR= (Contas a Receber / ROB) *360
PMP = prazo médio de pagamento, PMP= (Contas a Pagar / Compras) *360
 Visualmente:

Descuidar-se com o ciclo financeiro e apresentar NCG positiva pode levar a empresa a contabilizar grandes perdas financeiras, pois se a mesma não possuir recursos disponíveis ou investidores dispostos a aportar mais recursos, deverá recorrer a fontes de recursos onerosos para a empresa, podendo comprometer a rentabilidade esperada.
A falta de informações contábeis/gerenciais e de controles efetivos do ciclo financeiro pode levar uma empresa a se tornar dependente de recursos de terceiros onerosos (linhas de crédito com juros altos e prazos curtos). Esta é uma situação comumente e vista em empresas de pequeno e médio porte.
 O Saldo de Tesouraria (T) é determinado pela diferença entre o Ativo Circulante Financeiro e Ativo Circulante Financeiro: T = ACF – PCF.
T evidencia se a atividade operacional da empresa gera excedentes (ativos financeiros como caixa e/ou aplicações financeiras, por exemplo) ou obrigações de curto prazo (passivos financeiros, como empréstimos e financiamentos, por exemplo).
As empresas podem trabalhar com algumas combinações de CCL, NCG e T, mas a melhor configuração possível evidencia a existência de CCL (CCL positivo) e em patamares superiores ao da NCG. Deste modo, ocorrendo NCG positiva, o CCL seria suficiente para financiá-la e ainda gerar um saldo positivo de tesouraria (T), garantindo a liquidez da empresa.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Risco Sistemático e Não-sistemático


Bom, finalmente falaremos dos assuntos que havíamos nos comprometido.

Os conceitos de risco sistemático e não-sistemático possuem importância na teoria financeira porque são determinantes do comportamento do mercado. Seus efeitos são visualizáveis tanto pelos gestores quanto pelos investidores/especuladores e, de acordo com a teoria de eficiência de mercado, os efeitos de ambos seriam precificados imediatamente.

Risco Não- Sistemático: inerente a própria empresa ou a um determinado setor. Ou seja, fatos que afetam apenas o ativo em questão ou o setor em questão. Um exemplo disso seria uma greve no setor bancário ou quando os funcionários de uma única empresa fazem alguma paralisação ou, ainda, alguma mudança no padrão de consumo. A forma como é medido o risco não-sistemático é baseado no desvio-padrão dos retornos do papel em questão. A forma mais eficaz de se evitar o risco não-sistemático é através da diversificação de portfólio. 

Risco Sistemático: refere-se ao risco de colapso de todo um sistema financeiro ou mercado, com forte impacto sobre as taxas de juros, câmbio e os preços dos ativos em geral, e afetando amplamente a economia. A medida utilizada para medir o risco sistemático é o índice de mercado. 


Bem, mediante a natureza dos dois tipos de riscos, podemos pressupor uma relação no comportamento de ambos. Basicamente, se dizemos que o risco não-sistemático é diversificável e que o risco sistemático é o risco do mercado, se diversificarmos nosso portfólio a tal ponto que tenhamos proporcionalmente participação em todos os papéis que compõe o índice de mercado, estaremos expostos apenas ao risco sistemático. 

Graficamente a relação se da conforme abaixo, onde no eixo x temos o número de ações e no eixo y o risco do portfólio.


sexta-feira, 16 de março de 2012

Eficiência de Mercado


    O assunto que gostaríamos de abordar nesse momento era o CAPM. Porém, paramos para pensar e concluímos que, para tratar desse assunto, deveríamos trabalhar antes o conceito do Beta de um ativo, logo, teríamos que abordar os conceitos de Risco Sistemático e Risco Não-Sistemático. Então pensamos mais um pouco e chegamos à infeliz conclusão de que devemos tratar primeiro de eficiência de mercado. Infeliz porque é um assunto bastante batido nas finanças e, de certa forma, um tanto chato e pouco prático.

    A hipótese de eficiência de mercado há muitos anos vem sendo estudada e existem muitas publicações a seu respeito. Basicamente, um mercado é eficiente se ele impossibilita ganhos anormais (FAMA, 1970). Logo, não seria possível “bater” o mercado. Sendo assim, toda informação gerada seria absorvida imediatamente pelo mercado, caracterizando a eficiência.

    Conforme FAMA (1970) existe 3 formas de eficiência de mercado. A primeira, chamada de “forma fraca”, mostra que os preços refletem toda a informação contida nos preços passados, os testes dessa forma procuram mensurar como o passado prediz o futuro. A segunda, chamada de “forma semi-forte”, além dos preços refletirem as informações passadas, eles também, absorvem toda nova informação pública, os testes dessa forma mostram quão rápido uma informação pública é refletida nos preços. Já a terceira forma é chamada de “forma forte”, que, além dos preços refletirem as informações públicas, eles também refletiriam as informações privadas. Os testes para essa forma permitem verificar a ocorrência da atuação de insighters.
 
    Em 1991 FAMA modifica a forma de ver as três formas que ele conceituou. O autor modificou-as através de testes mais abrangentes. Por exemplo, na forma fraca se passou a levar em conta os dividendos, taxas de juros e outros eventos. Tornando assim, mais completa a análise. A segunda forma passou a se chamar de estudo de evento e a terceira forma teve o nome alterado para teste de informações privadas (FAMA, 1991).
    
    Do que FAMA elencou nos dois artigos, ficou como metodologia para verificação de eficiência de mercado o uso de estudo de evento. Esse método é muito eficiente para a análise da velocidade de ajuste do mercado às informações. Basicamente se faz uma regressão que relaciona os retornos de determinado ativo em relação ao retorno do mercado num determinado período. É claro que a metodologia de regressão vai muito além do que foi explicado acima. Porém, não cabe aqui fazer o detalhamento da metodologia, pois seria necessário um post inteiro para isso. O output de um estudo de evento é basicamente o que segue abaixo e ilustra retorno anormal na data 0, a qual é a data do evento que estaria sendo analisado.
      
    Os artigos publicados atualmente sobre a hipótese de eficiência de mercado no Brasil demonstram que em datas próximas a eventos como a data ex-dividend, datas de publicação de comunicados de fusões e aquisições são momentos em que o mercado se mostra ineficiente, ou seja, proporciona retornos anormais aos investidores. Porém, com exceção desses eventos específicos, a literatura traz o mercado como sendo eficiente. Essa eficiência se da, basicamente, em função de que existem muitas informações disponíveis e muitos investidores pesquisando constantemente a respeito. Essas informações geram expectativas nos investidores e essas expectativas são o que guiam os mercados.