sexta-feira, 16 de março de 2012

Eficiência de Mercado


    O assunto que gostaríamos de abordar nesse momento era o CAPM. Porém, paramos para pensar e concluímos que, para tratar desse assunto, deveríamos trabalhar antes o conceito do Beta de um ativo, logo, teríamos que abordar os conceitos de Risco Sistemático e Risco Não-Sistemático. Então pensamos mais um pouco e chegamos à infeliz conclusão de que devemos tratar primeiro de eficiência de mercado. Infeliz porque é um assunto bastante batido nas finanças e, de certa forma, um tanto chato e pouco prático.

    A hipótese de eficiência de mercado há muitos anos vem sendo estudada e existem muitas publicações a seu respeito. Basicamente, um mercado é eficiente se ele impossibilita ganhos anormais (FAMA, 1970). Logo, não seria possível “bater” o mercado. Sendo assim, toda informação gerada seria absorvida imediatamente pelo mercado, caracterizando a eficiência.

    Conforme FAMA (1970) existe 3 formas de eficiência de mercado. A primeira, chamada de “forma fraca”, mostra que os preços refletem toda a informação contida nos preços passados, os testes dessa forma procuram mensurar como o passado prediz o futuro. A segunda, chamada de “forma semi-forte”, além dos preços refletirem as informações passadas, eles também, absorvem toda nova informação pública, os testes dessa forma mostram quão rápido uma informação pública é refletida nos preços. Já a terceira forma é chamada de “forma forte”, que, além dos preços refletirem as informações públicas, eles também refletiriam as informações privadas. Os testes para essa forma permitem verificar a ocorrência da atuação de insighters.
 
    Em 1991 FAMA modifica a forma de ver as três formas que ele conceituou. O autor modificou-as através de testes mais abrangentes. Por exemplo, na forma fraca se passou a levar em conta os dividendos, taxas de juros e outros eventos. Tornando assim, mais completa a análise. A segunda forma passou a se chamar de estudo de evento e a terceira forma teve o nome alterado para teste de informações privadas (FAMA, 1991).
    
    Do que FAMA elencou nos dois artigos, ficou como metodologia para verificação de eficiência de mercado o uso de estudo de evento. Esse método é muito eficiente para a análise da velocidade de ajuste do mercado às informações. Basicamente se faz uma regressão que relaciona os retornos de determinado ativo em relação ao retorno do mercado num determinado período. É claro que a metodologia de regressão vai muito além do que foi explicado acima. Porém, não cabe aqui fazer o detalhamento da metodologia, pois seria necessário um post inteiro para isso. O output de um estudo de evento é basicamente o que segue abaixo e ilustra retorno anormal na data 0, a qual é a data do evento que estaria sendo analisado.
      
    Os artigos publicados atualmente sobre a hipótese de eficiência de mercado no Brasil demonstram que em datas próximas a eventos como a data ex-dividend, datas de publicação de comunicados de fusões e aquisições são momentos em que o mercado se mostra ineficiente, ou seja, proporciona retornos anormais aos investidores. Porém, com exceção desses eventos específicos, a literatura traz o mercado como sendo eficiente. Essa eficiência se da, basicamente, em função de que existem muitas informações disponíveis e muitos investidores pesquisando constantemente a respeito. Essas informações geram expectativas nos investidores e essas expectativas são o que guiam os mercados.